Se você é do tipo que
começa o ano novo cheio de planos, fique por aqui. Se não é o seu caso, guenta
aí, porque talvez tenha alguma coisa para você também.
|
Um objetivo sem um
plano é só um desejo
|
2016 ainda nem
completou sua primeira semana de vida e, na mídia, para quem gosta
de uma birita, as notícias devem estar dando dor de cabeça. Fora as matérias óbvias sobre
como curar ressaca, outras duas ganharam as manchetes aqui na Ilha, no amanhecer
do novo ano.
A primeira recomenda
que as pessoas tenham dois dias ‘secos’ na semana. Álcool zero, pelo menos duas
vezes por semana. Pela primeira vez nesta parte do mundo, a recomendação sobre
o limite de álcool para homens e mulheres é a mesma. O conselho é que não se
beba mais do que 3 unidades de bebida alcoólica por dia. Dá até vontade de
pedir um vinho, só para tentar entender que raios significa 3 unidades. Mas
se for uma daquelas taças grandes, vou me ferrar, porque ela contém 3,3 unidades.
Uma pint (568ml) de cerveja: 2 unidades. Melhor ficar com uma dose de whiskey, uma
unidade de álcool e é a menos calórica: 64 calorias.
A segunda reportagem
que foi destaque, é a pressão que 400 administrações regionais estão fazendo
para que os rótulos das bebidas alcóolicas tenham informações sobre a
quantidade de calorias. Aí vai um teste rápido, que vi na tevê. Coloque em ordem
crescente de calorias: um pacote de batata frita industrializada, um copo de
vinho e uma ‘pint’ de cerveja. As batatinhas são as menos engordativas e o vinho
ocupa a pole position no ranking calórico: 190 calorias.
Calcular caloria de
bebida, contar unidades de álcool. Está ficando chato, né? Mas o NHS, o serviço
de saúde, não está nem aí para chatices. Os bêbados custam uma fortuna aos
cofres públicos e lotam as emergências dos hospitais. Além do mais, doenças de
fígado são a quinta causa de morte aqui na Ilha. Quando se corta o álcool, cai
também o número de pacientes com câncer e doenças coronarianas.
Tem gente que faz
promessa de não comer chocolate ou de não beber durante a quaresma. A última ‘moda’
é ter um ‘Dry January’, um janeiro de seca de bebida. Se for para apostar se a
novidade pegou ou não, eu colocaria as minhas fichas no lado do não. Mas a
ideia não é má. Em geral, os britânicos, que já bebem bastante, aumentam o
consumo de bebidas alcóolicas em 41% durante o mês de dezembro. O fígado
agradeceria uma folga. Thank you very much.
Um dos primeiros virais
do ano foi a foto abaixo, tirada pelo fotógrafo Joel Goodman em Manchester, no
noroeste da Inglaterra, na noite da passagem do ano. A qualidade estética da
foto e sua composição foram comparadas às obras dos grandes mestres
renascentistas. Foi reproduzida 30 mil vezes no twitter. Ela mostra bem o fim
de noite em muitas cidades aqui da Ilha. Mas não precisa ficar caído na sarjeta
para incluir ‘parar de beber ‘na lista de resoluções do ano novo.
|
Joel Goodman |
Parar de beber,
emagrecer, fazer exercícios físicos e comer comidas saudáveis lideram a lista
das boas intenções. As academias de ginástica
ficam cheias nesta época do ano. O ‘x’ da questão é fazer mudanças que
sobrevivam digamos, até o carnaval.
35% dos
bem-intencionados cometem um erro fatal: colocam metas que não são realistas.
Não dá para querer se tornar um juiz da suprema corte, sem nem ter estudado
direito. Isso é óbvio. Mas a maioria dos objetivos não parecem assim tão
ambiciosos, embora também estejam fora do alcance. Quem entende do assunto diz que
passinho de formiguinha é mais jogo. Pequenas metas, uma de cada vez. Tipo,
fico o dia inteiro assentado, mas esse ano vou correr a maratona de Londres é
pior do que, vou caminhar uma hora por dia, três vezes por semana.
Uma pesquisa da
Universidade de Bristol revela que 52% dos 3 mil participantes entrevistados estavam
confiantes que iriam ter sucesso em seus planos de ano novo, nos primeiros dias
de janeiro. Mas 88% deles falharam. Os homens, quando planejam no estilo passo
de formiga, conseguem o que querem em 22% dos casos. E as mulheres, que
tornaram suas intenções públicas, têm 10% mais chances de sucesso.
Outra dica é
desenvolver uma ‘rede’ de apoio. Família e amigos podem ajudar ou atrapalhar
bastante, dependendo do caso. Se dê de presente pequenas recompensas. Perdi
meio quilo, vou ao cinema comemorar. E esteja preparado para fazer pequenos ajustes, ao invés de simplesmente descartar o plano no primeiro empecilho.
Isso é o que dizem os gurus do pensamento positivo.
Recaptulando. Essas dicas podem ser resumidas no plano dos três ‘R’
que garantem mudança de hábito:
Relembrar: lembre-se
constantemente do fator que motivou o desejo de mudança
Rotina: é preciso ter
disciplina e rotina
Recompensa: pequenos agrados pelas conquistas
O caso é que cada pessoa responde de forma diferente
aos desafios. Os conselhos acima soam bem razoáveis. Talvez sejam inspiradores
para muita gente. Mudar para crescer. Mudar para ser feliz. No fim das contas,
é uma decisão pessoal. Cada um sabe da dor de seu calo. Será que existe um
momento certo para promover as mudanças?
Tem dias em que olho ao redor da casa,
e está uma bagunça. Fico tão incomodada, que saio arrumando e limpando tudo,
porque não estava bom do jeito que estava. O que fico me perguntando é se a
pressão constante por mudanças serve para de fato mudar alguma coisa. Talvez devesse fazer dessa a minha resolução
de ano novo: ficar de olho para mudar o que precisa ser mudado e aceitar o que não incomoda.